"Artigo 5º" surgiu de um conjunto de improvisações sobre o texto Roberto Zucco de Bernard-Marie Koltès, na busca de dar conta das inquietações vividas pelo grupo no ano de 2010, ano de sua fundação, quando a cidade do Rio de Janeiro ficara paralisada diante da violência e do terror explorados pelo crime organizado e pela mídia.

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O trabalho é o início da pesquisa do grupo sobre o ator compositor, o mesmo que transcreve em seu corpo códigos de sua performance, se utilizando de ferramentas que tem por referência o teatro contemporâneo para criar balizas e partituras que irão compor os símbolos de sua atuação.

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Através de um treinamento energético tendo como base os exercícios de Jerzy Grotowski e os princípios filosóficos de Antonin Artaud, o trabalho se edifica num elenco consciente de suas ações e mergulhado em suas emoções. A construção cênica se dá diante do essencial para revelar o jogo.

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"Artigo 5°" está próximo da performance, onde o que é dado a ver é uma transcrição de vivências exploradas durante os ensaios. Diante disso, as opções conceituais da cena ganham força, pois surgem da necessidade do jogo de se comunicar; é um trabalho alegórico de conceitos vivos de organizações sociais falidas e impotentes frente à barbárie: a igreja, o estado, a família, a moral. 

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Dentro dessa proposta, o jogo se estabelece através da tensão. A violência surge como argumento de explanação contra a própria violência. "Artigo 5°" é uma resposta agressiva contra a barbárie, sendo ao vivo aquilo que nos transmitem, sendo o mal estar da sociedade, uma ferida aberta esperando a cura, uma mãe inundada de tristeza, porque só o que resta é o choro das mães.