Criada em 2010, por Anna Luiza Mendes, Bárbara Abi-Rihan, Ricardo Rocha e Viviane Pereira, a companhia nasceu como um grupo de pesquisa, dentro da Escola de Teatro Martins Penna, mais precisamente na Sala de Vídeo, uma saleta destinada às aulas de teoria da escola, cheia de carteiras que amontoávamos nos cantos. Neste espaço construímos um recuo de afetos, de inquietações, de paixões, sonhos, teatro e amizade; levantamos os primeiros tijolos para construir nossa pequena utopia de teatro de grupo.
Nos anos que se seguiram à nossa formação, somamos outras e outros profissionais das artes, pois entendíamos o espaço da companhia como um território aberto e confluente a quem desejasse, quem quisesse construir um percurso. Desse jeito, muitas pessoas contribuíram para a construção desta embarcação e nos ajudaram a navegar por mares desconhecidos, algumas delas foram permanecendo e estão conosco até hoje! E este projeto que entendemos ser a Multifoco Companhia de Teatro, se tornou um espaço para pensar e construir realidades possíveis, através do teatro, da performance, da música, da acrobacia e da dança contemporânea, tudo misturado para levar ao público uma experiência profunda com a cena.
A Multifoco, portanto, vem se tornando um território de convivência artística que nos une enquanto potência de criação e força política. Uma família, em certo sentido, e um bando de artistas, unidos pela crença no teatro colaborativo e horizontal.
Desde 2013, dedicou-se à obra do romeno Matéi Visniec - pesquisa que resultou nos espetáculos: Crônicas para uma Cidade ou um amanhecer abortado (2015); A palavra progresso na boca da minha mãe soava terrivelmente falsa (2018); Migraaaantes ou tem gente demais nessa merda de barco (2018), além de outros trabalhos que tem por referência a obra do dramaturgo, entre cenas curtas, performances e instalações. Em 2018 produziu e realizou três ocupações nos teatros da Prefeitura do Rio de Janeiro, com uma mostra de seus espetáculos, uma exposição de fotografias e oficinas, a Ocupação Matéi Visniec entrou em residência nos locais: Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, Teatro Ziembinski e Teatro Gonzaguinha.
O Cavaleiro Amarelo (2019), de Felipe Pedrini, é o primeiro espetáculo da companhia a investigar um novo dramaturgo brasileiro, através de patrocínio obtido em edital promovido pelo Firjan/SESI Cultural. A peça realizou temporada no primeiro semestre do mesmo ano no Teatro Laura Alvim.
Em 2019, a companhia realizou conjuntamente ao Cegonha Bando de Criação, coletivo parceiro de caminhada, a Mostra Travessias - sobre migrações e refúgio, levando espetáculos que abordavam a temática em linguagens distintas a duas unidades do SESC, no Estado do Rio de Janeiro, no mês que celebra o dia mundial do refugiado.
Ainda em 2019, o espetáculo “A Palavra Progresso...” encerrou a programação do Festival de Inverno de Garanhuns - PE e realizou circulação em três cidades no estado do Paraná através do edital Encena SESC PR (Curitiba, Londrina e Paranavaí).
Em 2020, ano em que a utopia completa dez anos, a Multifoco lançou seu primeiro projeto de audiovisual independente: "Prosas ou Grupos e Companhias em Tempos de Pandemia" com uma série de oito encontros virtuais com coletivos e ou grupos do estado do RJ, que debate os modos de existência das artes cênicas em tempos de isolamento e precariedade em tantas esferas. Estreou em novembro do mesmo ano, em meio a pandemia, pelo Zoom, a experiência digital Sobre Trabalho ou Sobre Viver (2020), em celebração aos 10 anos da companhia. Convidou para conduzir o trabalho três diretoras: Natasha Corbelino, Renata Tavares e Tatiana Henrique. Através da Lei Aldir Blanc, pelo Município do Rio de Janeiro, a companhia foi contemplada com o edital de manutenção de suas atividades.
No ano de 2021, foi contemplada pelo Edital de Fomento Carioca (FOCA) com "UTOPIAS DA PROXIMIDADE: corpo, cidade, espaço", projeto de intercâmbio e manutenção de dois coletivos de arte Grupo SATS e Multifoco Companhia de Teatro. Um esforço de compreender as relações da criação em artes cênicas no espaço público. É uma pesquisa pública e aberta. Um olhar para as tensões da cidade e do corpo. Um experimento sobre os múltiplos espaços da cidade.
"A Comédia Social" e "A Palavra Progresso: circulação com as escolas", são os projetos contemplados pelo edital Retomada Cultural RJ 2, promovido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro. O primeiro é um processo sobre a revista semanal de 1870, A Comédia Social, uma criação que toma por referência o Teatro de Revista, uma sátira para contar os primeiros anos da Independência do Brasil. O segundo, é uma circulação do espetáculo A palavra Progresso... por Lonas e Baixada Fluminense, destinada às Escolas Públicas do Rio de Janeiro. Uma aproximação da Cultura e Educação na formação de novos públicos e transversalidade nos processos de aprendizagem.
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